Esportes na Poltrona Especial: Tio Drew/ Cesar Augusto Mota

Esportes na Poltrona Especial: Tio Drew/ Cesar Augusto Mota

Você gosta de filmes com esportes e que tragam importantes mensagens e façam críticas sociais? Após um relativo sucesso com ‘O rei do Jogo’ (2005), o diretor Charles Stone III volta com um longa com um esporte de massa como pano de fundo, saindo do baseball e indo agora para o basquete. E não só isso, mas com jogadores e grandes ídolos no elenco e com uma maquiagem que os deixa quase irreconhecíveis, como pessoas idosas. Você vai se surpreender com a trama, mesmo que não acompanhe a NBA ou não conheça as regras do esporte.

A narrativa nos traz Dax (Lil Rel Howery), um jovem apaixonado por basquete e que investiu todas as suas economias em um time amador para conquistar um torneio de basquete de rua em Rucker Park, no Harlem, Nova York. Mas, se não bastasse, ele enfrenta diversos problemas pessoais, desde a expulsão da casa onde vivia por Jess (Tiffany Haddish), sua ex-namorada, como a perda de todos os jogadores de sua equipe para Mookie (Nick Kroll), seu maior rival. Sem ter para onde ir e quase sem esperanças, Dax vaga pelas ruas do Harlem até conhecer Tio Drew (Kyrie Irwin, o astro do Boston Celtics), que o impressiona em uma partida de um contra um em quadra. Dax resolve convidá-lo para participar do torneio em Ricker Park, mas ele impor uma condição, de poder levar seu próprio time, composto por antigos companheiros que fizeram sucesso nos anos 60 e com par ticipação em uma final épica em 1968. A partir daí, eles partem para uma viagem nas estradas norte-americanas em busca dos antigos membros da equipe do Tio Drew, como Reverendo (Chris Webber), Lights (Reggie Miller), Boots (Nate Robinson) e Big Fella (Shaquille O’Neal).

O roteiro não se limita apenas ao esporte, mas também toca em pontos importantes, como as dificuldades que as pessoas enfrentam ao envelhecer, a tolerância (ou a falta dela) da sociedade para com os idosos, além de lições como luta e superação, reforçadas com mensagens como “você só perde 100% da chance se não arriscar” e “deixe o orgulho, o rancor e o passado de lado para seguir em frente”.  A história serve mais como entretenimento do que drama, as soluções de alguns conflitos são feitas das formas mais simples e os personagens possuem pouca profundidade e não muito desenvolvidos. Era possível um pouco mais de criatividade em uma narrativa tão divertida e ao mesmo tempo complexa, mas o humor é o que predomina.

As atuações dos jogadores são positivas, e dentro do que os papéis deles permitiam. Irwing e O’Neal não só se destacam por suas piadas, como também pela linguagem corporal, ambos tentam se aproximar da real postura de pessoas idosas, além de interações excelentes com Lil Rel Howery e Nick Kroll. Este funciona como vilão, conseguindo provocar e motivar Dax, personagem de Howery, a alcançar o que o público espera, além de oferecer cenas hilárias no último ato da narrativa. E apesar dos poucos papéis femininos, menções honrosas para Erica Ash e Lisa Leslie, ex-jogadora e multicampeã. As duas, apesar do pouco tempo em cena, conseguem movimentar a trama e trazer motivações ao elenco, cada uma do seu jeito.

Com um roteiro pouco inspirado, mas com um elenco motivado, entrosado e um humor em alta, ‘Tio Drew’ funciona dentro do que se propõe, além de se destacar tecnicamente com uma maquiagem de qualidade, mas sem grandes inovações. É uma diversão garantida, mesmo para quem não é fã de basquete.

Cotação: 3,5/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota