Poltrona Cabine: Salamandra/Cesar Augusto Mota

Poltrona Cabine: Salamandra/Cesar Augusto Mota

 Salamandra

O uso da metáfora tem sido bastante comum em obras do audiovisual, tanto em filmes como em séries, e visa ilustrar uma visão lúdica e pessoal do idealizador. E na obra escrita e dirigida por Alex Carvalho, intitulada “Salamandra”, não é diferente. Em busca de libertação, a protagonista vive em um mundo totalmente novo e está disposta a passar por todo tipo de provação, mas conseguirá alcançar o que deseja?

Adaptado de obra homônima de Jean-Christophe Rufin, acompanhamos a jornada de Catherine (Marina Fois), uma francesa que após viver anos de isolamento em decorrência de ter cuidado dos pais doentes, ela decide recomeçar a vida e vai para o Brasil para morar com a irmã, em Recife. Ela acaba se apaixonando pelo jovem Gil (Maicon Rodrigues), e a comunicação entre eles passou a ser sensorial e corporal, tendo em vista que ela é francesa e ele, brasileiro, e ambos não falam o mesmo idioma. A relação passa a ficar complexa e os atos de cada um, alguns impensados, geram sérias consequências.

Como dito anteriormente, Catherine busca se libertar das amarras de uma classe rica à qual pertence e buscar os prazeres carnais, e Gil vê a oportunidade de mudar de vida e ter uma trajetória mais digna, tendo em vista ser de família pobre e preso ao seu empregador. Ambos estão dispostos a todo tipo de sacrifício, e não se preocupam com os desdobramentos que suas escolhas podem acarretar, e o que vemos é uma verdadeira gangorra. Há uma certa demora no desenrolar dos acontecimentos, e o desfecho não condiz com o esperado.

As ações dos personagens se dão com extrema naturalidade, a sexualidade é bem retratada com uma entrega corporal ousada e satisfatória, há uma certa catarse experimentada por Catherine e Gil, e a ambientação se deu pelo foco na captação do som contrastando com o problema de comunicação entre ambos, valorizando a individualidade de cada um. O título Salamandra retrata muito bem a transformação e a superação pelas quais Catherine e Gil passam, além da catarse e anti-catarse que experimentam ao longo da jornada.

Se faltou um pouco de originalidade no desfecho, “Salamandra” é um convite a um debate sobre sexualidade, sensualidade, violência, tendo em vista algumas cenas fortes, bem como a luta de classes. Uma obra convidativa e altamente recomendada.

Cotação: 4/5 poltronas.

Por: Cesar Augusto Mota

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